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Mostrando postagens de janeiro, 2009

Uma praga útil chamada celular - parte III

Pensei que já estivesse encerrada a minha longa lista de reclamações contra o celular, mas uma viagem de trem pela Europa, onde estou agora, me fez lembrar de mais uma forma irritante de usar esse aparelhinho tão útil: como rádio de pilha, sem fones de ouvido! Não sei se já repararam, mas os novos celulares têm vindo com alto-falantes bem potentes que, imagino, foram pensados para facilitar o uso do viva-voz: no carro podem ser bem úteis. Acontece que as pessoas perceberam que aquele alto-falante pode servir pra ouvir as músicas que estão na memória do telefone, dispensando os fones de ouvido. Pronto, acabou o sossego dos que gostam de silêncio! Já vi uma garota de pé, num carrinho de bagagem de aeroporto, dançando ao som do seu detestável celular, enquanto esperava a mala na esteira! Conseguem imaginar a cena? E no trem, semana passada, um cara foi ouvindo rap a viagem inteira, com aquela batida monótona pra todo mundo ouvir! E ninguém fez nada... Eu, como estou de férias, fiz de cont

Uma praga útil chamada celular - parte III

Pensei que já estivesse encerrada a minha longa lista de reclamações contra o celular, mas uma viagem de trem pela Europa, onde estou agora, me fez lembrar de mais uma forma irritante de usar esse aparelhinho tão útil: como rádio de pilha, sem fones de ouvido! Não sei se já repararam, mas os novos celulares têm vindo com alto-falantes bem potentes que, imagino, foram pensados para facilitar o uso do viva-voz: no carro podem ser bem úteis. Acontece que as pessoas perceberam que aquele alto-falante pode servir pra ouvir as músicas que estão na memória do telefone, dispensando os fones de ouvido. Pronto, acabou o sossego dos que gostam de silêncio! Já vi uma garota de pé, num carrinho de bagagem de aeroporto, dançando ao som do seu detestável celular, enquanto esperava a mala na esteira! Conseguem imaginar a cena? E no trem, semana passada, um cara foi ouvindo rap a viagem inteira, com aquela batida monótona pra todo mundo ouvir! E ninguém fez nada... Eu, como estou de férias, fiz de cont

Fone de ouvido ou alto-falante?

Há algum tempo eu andei sonhando com um lugar onde não existissem alto-falantes e sim apenas fones de ouvido! Imaginava eu que só assim a música de um não seria compulsória para outros. Ultimamente, porém, tenho observado melhor essa possibilidade e cheguei à conclusão de que essa medida radical na verdade seria só parcialmente eficiente, já que vejo muita gente ouvindo música tão alto em seus fones de ouvido que todos à volta acabam compartilhando ao menos parcialmente os sons. Esse tipo de barulho me incomoda, pois me obriga a ouvir, no mais das vezes, um ruído que não é música mas sim uma espécie de subproduto da música ouvida, um som desagradável e geralmente irritante. Parece que as pessoas que gostam de ouvir música em volume alto são sempre aquelas que gostam de música bate-estaca, e pra nós sobra sempre aquele putz-putz desagradável. Fico também pensando nas consequências que virão para a audição de quem usa fones de ouvido com o volume no máximo: algum dia o tímpano vai protes

Fone de ouvido ou alto-falante?

Há algum tempo eu andei sonhando com um lugar onde não existissem alto-falantes e sim apenas fones de ouvido! Imaginava eu que só assim a música de um não seria compulsória para outros. Ultimamente, porém, tenho observado melhor essa possibilidade e cheguei à conclusão de que essa medida radical na verdade seria só parcialmente eficiente, já que vejo muita gente ouvindo música tão alto em seus fones de ouvido que todos à volta acabam compartilhando ao menos parcialmente os sons. Esse tipo de barulho me incomoda, pois me obriga a ouvir, no mais das vezes, um ruído que não é música mas sim uma espécie de subproduto da música ouvida, um som desagradável e geralmente irritante. Parece que as pessoas que gostam de ouvir música em volume alto são sempre aquelas que gostam de música bate-estaca, e pra nós sobra sempre aquele putz-putz desagradável. Fico também pensando nas consequências que virão para a audição de quem usa fones de ouvido com o volume no máximo: algum dia o tímpano vai protes

Uma praga útil chamada celular - parte II

Bom, superada a questão do toque, vem a fase da conversa propriamente dita. E aí as coisas tendem a piorar, se é que isso é possível! Quase todo mundo fala em voz bem alta no celular, como se o volume alto fosse indispensável para se fazer ouvir. E então todo mundo que está por perto passa a testemunhar pelo menos um dos lados da conversa, muitas vezes íntima. Tenho vontade, às vezes, de interferir, dar sugestões, fazer comentários: afinal, se fui incuída na conversa como ouvinte, deveria ter o direito de participar também como falante. Quando estou acompanhada, muitas vezes começo a debater a conversa ouvida com quem está ao meu lado: "E aí, você acha que ele deve ou não passar na casa dela amanhã?" " Será que vai valer a pena eles irem assistir a esse filme?" "Nossa, ela fez isso com ele? Que malvada!" É muito divertido também ficar supondo o que a outra pessoa disse do outro lado da ligação. Muitas vezes dá até pra montar uma novelinha... Já testemunhei

Uma praga útil chamada celular - parte II

Bom, superada a questão do toque, vem a fase da conversa propriamente dita. E aí as coisas tendem a piorar, se é que isso é possível! Quase todo mundo fala em voz bem alta no celular, como se o volume alto fosse indispensável para se fazer ouvir. E então todo mundo que está por perto passa a testemunhar pelo menos um dos lados da conversa, muitas vezes íntima. Tenho vontade, às vezes, de interferir, dar sugestões, fazer comentários: afinal, se fui incuída na conversa como ouvinte, deveria ter o direito de participar também como falante. Quando estou acompanhada, muitas vezes começo a debater a conversa ouvida com quem está ao meu lado: "E aí, você acha que ele deve ou não passar na casa dela amanhã?" " Será que vai valer a pena eles irem assistir a esse filme?" "Nossa, ela fez isso com ele? Que malvada!" É muito divertido também ficar supondo o que a outra pessoa disse do outro lado da ligação. Muitas vezes dá até pra montar uma novelinha... Já testemunhei

Uma praga útil chamada celular - parte I

É o tipo de coisa que, na hora do sufoco, a gente sempre fica feliz em ter. Mas quando é a pessoa do lado que tem, quase sempre é um inferno! Vamos começar pelos toques: pelos meus cálculos, 78,35% das pessoas que usam celular não sabem como habilitar o modo vibratório!!! Brincadeiras à parte, acho que todos nós já tivemos muitas experiências de ver tocar um celular nas horas mais inconvenientes! Puxa, isso já virou até lugar-comum, mas as pessoas continuam deixando os bichinhos no modo sonoro no cinema, no velório, no teatro, no show, na missa... A lista é interminável, assim como parece ser interminável a lista das possibilidades de ser mal-educado! De minha parte, acho que o ideal seria a gente deixar o celular com som só quando a gente está sozinho em casa e geralmente está longe dele. Em qualquer outra situação social, é bom deixar o dito cujo no modo vibratório, como uma forma de demonstrar respeito por quem está ao seu lado. Se acontecer de, por causa disso, alguém perder uma li

Uma praga útil chamada celular - parte I

É o tipo de coisa que, na hora do sufoco, a gente sempre fica feliz em ter. Mas quando é a pessoa do lado que tem, quase sempre é um inferno! Vamos começar pelos toques: pelos meus cálculos, 78,35% das pessoas que usam celular não sabem como habilitar o modo vibratório!!! Brincadeiras à parte, acho que todos nós já tivemos muitas experiências de ver tocar um celular nas horas mais inconvenientes! Puxa, isso já virou até lugar-comum, mas as pessoas continuam deixando os bichinhos no modo sonoro no cinema, no velório, no teatro, no show, na missa... A lista é interminável, assim como parece ser interminável a lista das possibilidades de ser mal-educado! De minha parte, acho que o ideal seria a gente deixar o celular com som só quando a gente está sozinho em casa e geralmente está longe dele. Em qualquer outra situação social, é bom deixar o dito cujo no modo vibratório, como uma forma de demonstrar respeito por quem está ao seu lado. Se acontecer de, por causa disso, alguém perder uma li

Passado e futuro

A revista Carta Capital do dia 14 de janeiro de 2009 tem uma matéria muito interessante, de Rosane Pavam, intitulada "Sons da solidão". Neste link dá pra ler um pedaço do texto: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=3102 Em suma, a matéria traça um interessante histórico de como a cidade de São Paulo pré-industrialização era muito mais silenciosa. O texto de Rosane Pavam fundamenta-se no livro Kaleidosfone , de Nelson Aprobato Filho e afirma: "O barulho cresce desde a belle époque porque os paulistanos estão ausentes da vida comunitária e da experiência do sublime". Além de bem escrito e interessante, o artigo traz ainda ilustrações antigas de São Paulo, muito curiosas e bonitas. Lendo o texto, achei até um trecho que me fez lembrar o post "Ouvido não tem pálpebra", que coloquei aqui logo no início do blog. Vejam se não é mesmo parecido: "Em São Paulo, tudo se ouvia também porque a audição, diz o filósofo Murray Schafer n

Passado e futuro

A revista Carta Capital do dia 14 de janeiro de 2009 tem uma matéria muito interessante, de Rosane Pavam, intitulada "Sons da solidão". Neste link dá pra ler um pedaço do texto: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=3102 Em suma, a matéria traça um interessante histórico de como a cidade de São Paulo pré-industrialização era muito mais silenciosa. O texto de Rosane Pavam fundamenta-se no livro Kaleidosfone , de Nelson Aprobato Filho e afirma: "O barulho cresce desde a belle époque porque os paulistanos estão ausentes da vida comunitária e da experiência do sublime". Além de bem escrito e interessante, o artigo traz ainda ilustrações antigas de São Paulo, muito curiosas e bonitas. Lendo o texto, achei até um trecho que me fez lembrar o post "Ouvido não tem pálpebra", que coloquei aqui logo no início do blog. Vejam se não é mesmo parecido: "Em São Paulo, tudo se ouvia também porque a audição, diz o filósofo Murray Schafer n

Música ambulante

Imagem
Certa vez eu estava em Brasília, comendo uma pizza com amigos, quando começamos a ouvir um ruído que parecia o de trovões. Imediatamente, os alarmes dos carros estacionados em frente à pizzaria começaram a disparar, um a um. Foi uma orquestra de apitos com aquele som grave de fundo. Achamos que era o juízo final e que as nuvens estavam se abrindo para começar o julgamento! Qual o quê! Era apenas um desses carros adaptados com altofalantes poderosos que estava passando por ali. Os sons graves eram tão fortes que produziram uma vibração no ar que os carros estacionados interpretaram como tentativa de arrombamento!!! Calculem então o que aconteceu com os ouvidos de quem estava por perto! Eu sei que andam acontecendo por aí alguns concursos de som automotivo (geralmente nos parques onde também acontecem rodeios... coincidência interessante...), onde aparecem coisas como essas: Dá pra imaginar o volume disso? Mas não é preciso chegar tão longe, é só dar um passeio pelas ruas de qualquer cid

Música ambulante

Imagem
Certa vez eu estava em Brasília, comendo uma pizza com amigos, quando começamos a ouvir um ruído que parecia o de trovões. Imediatamente, os alarmes dos carros estacionados em frente à pizzaria começaram a disparar, um a um. Foi uma orquestra de apitos com aquele som grave de fundo. Achamos que era o juízo final e que as nuvens estavam se abrindo para começar o julgamento! Qual o quê! Era apenas um desses carros adaptados com altofalantes poderosos que estava passando por ali. Os sons graves eram tão fortes que produziram uma vibração no ar que os carros estacionados interpretaram como tentativa de arrombamento!!! Calculem então o que aconteceu com os ouvidos de quem estava por perto! Eu sei que andam acontecendo por aí alguns concursos de som automotivo (geralmente nos parques onde também acontecem rodeios... coincidência interessante...), onde aparecem coisas como essas: Dá pra imaginar o volume disso? Mas não é preciso chegar tão longe, é só dar um passeio pelas ruas de qualquer cid

Gente que fala alto demais

Podem me chamar de preconceituosa, mas detesto gente que fala alto. Seu avô tem problemas de audição? Ok, fale alto com ele. Mas não com o resto do mundo. Não sou nenhuma Glorinha Kalil ou Danusa Leão, mas acho que falar alto é o maior sinal de falta de educação. Ontem cheguei ao hotel onde estou hospedada e queria fazer uma pergunta à recepcionista que mal me ouvia, devido à conversa entre dois senhores que disputavam quem falava mais alto na recepção do hotel. Será uma nova modalidade olímpica? Adolescentes costumam ser a espécie mais barulhenta, mas pelo menos essa é uma fase que costuma passar e geralmente leva junto essa vontade de ser notado. Outra espécie que geralmente fala mais alto do que devia e mais do que seria necessário é a de alguns brasileiros em viagem pelo exterior. Dá pra conhecer de longe! Presenciei uma cena inesquecível num free-shopping espanhol, certa vez. Marido e mulher discutiam em voz alta se deviam ou não levar um jamón inteiro para o Brasil ou se uns cho

Gente que fala alto demais

Podem me chamar de preconceituosa, mas detesto gente que fala alto. Seu avô tem problemas de audição? Ok, fale alto com ele. Mas não com o resto do mundo. Não sou nenhuma Glorinha Kalil ou Danusa Leão, mas acho que falar alto é o maior sinal de falta de educação. Ontem cheguei ao hotel onde estou hospedada e queria fazer uma pergunta à recepcionista que mal me ouvia, devido à conversa entre dois senhores que disputavam quem falava mais alto na recepção do hotel. Será uma nova modalidade olímpica? Adolescentes costumam ser a espécie mais barulhenta, mas pelo menos essa é uma fase que costuma passar e geralmente leva junto essa vontade de ser notado. Outra espécie que geralmente fala mais alto do que devia e mais do que seria necessário é a de alguns brasileiros em viagem pelo exterior. Dá pra conhecer de longe! Presenciei uma cena inesquecível num free-shopping espanhol, certa vez. Marido e mulher discutiam em voz alta se deviam ou não levar um jamón inteiro para o Brasil ou se uns cho

O som e a fúria do comércio

Eu confesso que às vezes tenho um pouco de saudade do vendedor das pamonhas de Piracicaba... Mas acho que até ele, se soubesse o que viraria essa sua idéia, teria desistido de incorporar um alto-falante ao carro e sair pelas ruas fazendo propaganda do puro creme do milho verde! Eu moro numa cidade do interior de São Paulo, e lá tem trio elétrico, carro de som, moto e até bicicleta com alto-falante! Bicicleta, alguém acredita? Isso mesmo, aquela magrela com uma caixa de som acoplada ao banco do garupa, anunciando pelas ruas alguma liquidação de alguma loja local. Aliás, nessa cidade onde moro tinha até mesmo uma loja de tecidos chamada "Ao barulho"! Parece que o dono se orgulhava da poluição sonora que gerava na cidade com os carros de propaganda... Fechou, parece, o que prova que às vezes minhas pragas pegam... Tenho visto também, em muitas cidades (naquela onde moro, inclusive), lojas que colocam um alto-falante com amplificador na porta, creio que na esperança de com isso a

O som e a fúria do comércio

Eu confesso que às vezes tenho um pouco de saudade do vendedor das pamonhas de Piracicaba... Mas acho que até ele, se soubesse o que viraria essa sua idéia, teria desistido de incorporar um alto-falante ao carro e sair pelas ruas fazendo propaganda do puro creme do milho verde! Eu moro numa cidade do interior de São Paulo, e lá tem trio elétrico, carro de som, moto e até bicicleta com alto-falante! Bicicleta, alguém acredita? Isso mesmo, aquela magrela com uma caixa de som acoplada ao banco do garupa, anunciando pelas ruas alguma liquidação de alguma loja local. Aliás, nessa cidade onde moro tinha até mesmo uma loja de tecidos chamada "Ao barulho"! Parece que o dono se orgulhava da poluição sonora que gerava na cidade com os carros de propaganda... Fechou, parece, o que prova que às vezes minhas pragas pegam... Tenho visto também, em muitas cidades (naquela onde moro, inclusive), lojas que colocam um alto-falante com amplificador na porta, creio que na esperança de com isso a

Ouvido não tem pálpebra

Sempre pensei que, se é que Deus existe, ele deveria fazer uma rodada de perguntas e respostas no Juízo Final. E eu já teria minha pergunta pronta: por que ouvido não tem pálpebra? Afinal, se estamos diante de uma cena desagradável ou de uma luz muito forte, sempre podemos fechar os olhos. Os ouvidos? Nunca. Eu já fiz essa pergunta pra um monte de gente... Afinal, a orelha poderia ter a função de fechar o nosso ouvido, quando o mundo fizesse muito barulho... É tanta carne sobrando que poderia ser usada pra fechar o ouvido diante de sons muito altos ou desagradáveis. A resposta mais plausível que eu já ouvi foi a de que, em nome de nossa sobrevivência, um de nossos sentidos tem de permanecer sempre alerta, mesmo quando dormimos. Por isso acordamos com ruídos mais altos, para podermos fugir em caso de alguma situação que coloque em risco nossa vida. Tudo bem, é uma explicação razoável. Mas então, já que não tem muito jeito de evitar ruídos desagradáveis, por que é que não cuidamos melhor

Ouvido não tem pálpebra

Sempre pensei que, se é que Deus existe, ele deveria fazer uma rodada de perguntas e respostas no Juízo Final. E eu já teria minha pergunta pronta: por que ouvido não tem pálpebra? Afinal, se estamos diante de uma cena desagradável ou de uma luz muito forte, sempre podemos fechar os olhos. Os ouvidos? Nunca. Eu já fiz essa pergunta pra um monte de gente... Afinal, a orelha poderia ter a função de fechar o nosso ouvido, quando o mundo fizesse muito barulho... É tanta carne sobrando que poderia ser usada pra fechar o ouvido diante de sons muito altos ou desagradáveis. A resposta mais plausível que eu já ouvi foi a de que, em nome de nossa sobrevivência, um de nossos sentidos tem de permanecer sempre alerta, mesmo quando dormimos. Por isso acordamos com ruídos mais altos, para podermos fugir em caso de alguma situação que coloque em risco nossa vida. Tudo bem, é uma explicação razoável. Mas então, já que não tem muito jeito de evitar ruídos desagradáveis, por que é que não cuidamos melh