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Mostrando postagens de setembro, 2014

Casa 1: Socorro

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Eu nasci em Socorro, mas morei lá apenas nos primeiros meses de vida. Não tenho lembranças, portanto, de uma casa onde eu tenha vivido naquela cidade. Mas me lembro bem, ali, da casa da minha avó paterna, Maria, onde passávamos sempre o Natal e parte das férias. Lá moravam, além da minha avó, meu avô e minha tia. Era uma casa antiga, em que meu pai tinha nascido, com um longo quintal, cheio de árvores frutíferas, que ia terminar, depois de passar pelo galinheiro da minha avó, no Rio do Peixe. Havia uma parreira, algumas laranjeiras, limoeiros, pitangueira, jambeiro, jabuticabeira, figueira, abacateiro. Por causa deste, inclusive, nós, crianças, éramos proibidas de ir ao pomar durante a temporada de frutas maduras, para evitar que fôssemos alvejadas por uma fruta madura na cabeça. Havia também um pé de cana e uma máquina de moer cana, na qual meu avô fazia garapa para nós. Sob a parreira, ficavam os ganchos da rede em que de vez em quando a gente se balançava loucamente. Ainda no quinta

Casas

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Meu pai trabalhava no DER, Departamento de Estradas de Rodagem. Quando ele começou a trabalhar lá, eu era ainda muito pequena, pouco mais que um bebê. Por causa do trabalho dele, nossa família foi sempre meio nômade: a cada mudança de cargo, lá íamos nós para outra cidade. Nunca ficamos muito tempo em cada uma delas. Para mim, era sempre um trauma, pois quando eu já ia começando a me enturmar com os amigos e colegas da escola e a ficar conhecida pelos professores, já era hora de irmos embora para um lugar desconhecido e começar tudo de novo. Minha vida, assim, foi sempre cheia de casas diferentes de tempos em tempos. Nunca me senti pertencendo a um lugar. Às vezes é ruim, mas às vezes também é muito bom. Eu me lembro de que, quando decidi vir morar em Santos, muita gente me perguntou se eu tinha parentes que morassem aqui ou alguma outra espécie de vínculo com a cidade. Minha resposta padrão é sempre: "E precisa?" Eu estou acostumada a começar tudo de novo em outra cidade em

Como ouvir música em silêncio

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(Pela segunda vez temos um guest post da Marcie do Abrindo o bico  aqui na Psiulândia. Obrigada, Marcie, a gente adora! Volte sempre!) Qui nem qui a dona do blog que mais uma vez gentilmente me hospeda, eu também não gosto de barulho. De qualquer intensidade que seja: barulho, barulhinho ou barulhão. Sou rabugenta e reclamo muito (deu pra entender porque somos amigas? ;-). E é em nome dessa afinidade que volto a escrever aqui. Pra contar uma coisa que talvez não seja tão novidade assim, mas que muita gente ainda desconhece. Eu, por exemplo, só ouvi falar há pouco mais de um mês. E isso por causa do evento Midsummer Night Swing do Lincoln Center. Como a cidade tem regras muito rigorosas para garantir o sossego público, muitos dos eventos musicais de verão (que acontecem ao ar livre) têm que terminar às 10 da noite. O que fez o Lincoln Center? A mesma coisa que várias outros eventos estão praticando já há algum tempo: o silent dance ou silent disco ou silent party, dependendo de qual se

Silêncio tá na moda

Eu comentei aqui outro dia o novo cd da Ceumar, "Silencia". Aliás, só pra lembrar, o disco tá liberado pra download grátis no site dela, é só clicar aqui . Depois disso, fiquei sabendo que o Renato Braz, com aquela voz maravilhosa, estava gravando um cd de homenagem a João Gilberto, chamado "Silêncio". O mesmo Renato lançou também um filme sobre João Gilberto, chamado "Ensaio sobre o silêncio". Pra quem quiser ver o trailer, tem no final do post. E pra terminar, recebi da Carmem a notícia de um espetáculo de dança do Núcleo Mirada, chamado "Cala", resultado de "estudos sobre o silêncio". No Catraca Livre tem uma notícia sobre as apresentações, que são grátis e acontecem neste mês de setembro. Então, com tudo isso, parece bem evidente que tá na moda ficar quietinho, escutando o silêncio, pra aprender a viver melhor. Vamos nessa? O mundo agradece. E os nossos ouvidos também!   [embed]http://youtu.be/q7RNJ7rr8_o[/embed]