Casa 20: Assis (Vicenza - fundos)

Era um apartamento com vista para o pôr do sol, nos fundos de um edifício pequeno, no último andar. Quando me mudei para lá, ainda havia bem pouca gente morando no prédio. Era um pouco assustador.

Não havia nem mesmo convenção do condomínio, nem síndico, nem um monte de coisas que fazem um conjunto de apartamentos funcionar de modo normal.

Até a construtora do prédio era iniciante no ramo. Houve inclusive um dia em que um dos responsáveis pela empresa apareceu por lá pra saber o que tínhamos achado dos apartamentos. Foi um mar de queixas... Mas aos poucos tudo foi entrando nos eixos e funcionando relativamente bem.

Morar ali no edifício Vicenza marcou para mim o início de uma nova fase, com a vida mais tranquila, com estabilidade profissional, maturidade, amigos, amores.

Além disso, naquele prédio vivi uma experiência totalmente nova: morar durante muitos anos num mesmo lugar. Eu simplesmente nunca tinha ficado mais de 4 anos numa mesma casa! Pela primeira vez pude acompanhar as mudanças de um bairro, o crescimento das crianças da vizinhança, o envelhecimento das pessoas ao redor, o nascimento de novas crianças, enfim, aqueles acontecimentos normais que permitem que se perceba a passagem do tempo.

Enquanto morava ali, passei por uma porção de mudanças na minha vida pessoal. Como decorrência delas, uma das coisas tristes foi ter de doar meus gatinhos, por não ter mais condição de cuidar deles. Olha eles aqui, descansando nesse apartamento:

 

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Lelé, o branco quase persa, e Dico, o quase siamês, eram encantadores. Nessa foto, eles descansam em cima de um pelego que ganhei de meu pai, semelhante àqueles em que dormia, nas noites de natal, na casa da minha avó, em Socorro...


Uma das coisas mais bonitas desse apartamento era a vista da pequena sacada, com um horizonte amplo e crepúsculos cinematográficos, como este:


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Mas a vista da sacada também podia ser bem triste, como quando chegava a temporada das queimadas dos canaviais, e tudo no horizonte virava chamas e fumaça. Era terrível, como nesta foto:


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Tudo cheirava a fumaça e as cinzas entravam por todas as frestas da casa. Muitas vezes tive de sacudir os lençóis da cama antes de me deitar, pois estavam cobertos de cinza. Uma tristeza. Agora esse tipo de coisa acontece bem menos, pois há leis que proíbem a queima dos canaviais.


Um outro problema do apartamento era o fato de ser no último andar: aconteceu, algumas vezes, nas chuvas de verão, de ter água entrando casa adentro! Mais uma vez eu me vi tendo de secar minhas coisas ensopadas!


Enfim, depois de quatro anos morando ali, consegui meio por acaso um financiamento habitacional! Pronto, lá vou eu mudar de novo! Mas inacreditavelmente, achei um apartamento à venda no mesmo prédio, então minha mudança, dessa vez, foi bem mais fácil. Mas isso já é história para outro post...

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