Historinha pra boi não dormir
Vou hoje usar este espaço pra contar uma historinha ocorrida comigo. Como não tenho mais esperança de um final feliz, contando aqui eu pelo menos desabafo...
Em outubro de 2008, eu queria comprar um netbook. Andei pesquisando pelos sites de comparação de preços (Buscapé) e encontrei o melhor preço: 812 reais por um Asus EEEPC900. O preço das lojas andava pela casa dos mil reais, chegando até mil e duzentos. Ou seja , o preço da Oferta Digital - este era o nome da loja, sediada em Guarulhos - era mesmo imbatível.
Comecei a procurar informações sobre a loja e descobri que ela era muito bem avaliada, tanto no Buscapé quanto no E-bit, com depoimentos que reafirmavam a qualidade dos serviços da empresa e os bons preços por ela praticados.
Liguei pra lá e perguntei sobre os prazos de entrega do netbook, pois eu precisaria dele para uma viagem que faria. Disseram-me que o prazo máximo era de uma semana, mas, já que eles tinham o produto em estoque, provavelmente eu o receberia antes disso. Fiz uma transfêrencia bancária na mesma hora e fechei o pedido por telefone.
O netbook nunca foi entregue. Sucessivos contatos com a loja tinham como informação o fato de que havia um problema de estoque mas que logo isso seria solucionado. Finalmente, um mês depois da compra, no final de novembro, recebi um e-mail dizendo que, para receber o produto, eu teria de pagar mais 388 reais, pois o dólar havia subido e eles não tinham como fornecer o netbook pelo valor original. Ou seja, eu acabaria pagando por ele o mesmo valor praticado pelas outras lojas, na época em que fiz o pedido.
Recusei a proposta, porque entendia que o pedido feito no final de outubro tinha de ser honrado pela empresa, no valor daquela época, pois afinal este fora o grande critério para que eu escolhesse a Oferta Digital e não outra empresa.
A alternativa que ele me propunha era receber os 812 reais de volta, sem nenhuma correção. Não aceitei e disse que iria ao Procon.
Fiz isso. O Procon marcou audiências às quais os responsáveis pela Oferta Digital nunca compareceram. Diante disso, o Procon me encaminhou para o Juizado de Pequenas Causas.
Nesse meio tempo, a loja fechou. O site foi retirado do ar e eu descobri que as avaliações favoráveis feitas à loja no Buscapé e no E-bit tinham desaparecido. Descobri também que havia um grupo significativo de consumidores lesados pela mesma empresa que formaram até um grupo virtual para trocar informações. Havia inclusive pessoas com prejuízos muito maiores que o meu.
Dois anos depois, a situação é a seguinte: o Juizado de Pequenas Causas julgou o caso à revelia dos acusados, que nunca compareceram às audiências, e a empresa foi condenada a me devolver o dinheiro corrigido e arcar com as custas do processo. Como a razão social da empresa é Rafael Leite de Oliveira Informática - EPP (CNPJ 06.115.558/0001-07), a justiça tentou intimar essa pessoa, considerada responsável pela empresa, mas ele nunca foi encontrado em nenhum dos endereços disponíveis para ser intimado. Também não foi encontrada nenhuma conta bancária em seu nome, o que facilitaria as coisas.
Com isso, estou em vias de ver a ação extinta, por falta de um endereço onde este senhor possa ser encontrado e intimado. Assim, ele se veria livre e eu perderia a esperança de receber de volta meu dinheiro tomado por ele.
Ou seja, é muito fácil arrancar dinheiro das pessoas e ficar livre, não é? Ainda mais contando com a ajuda - não estou dizendo que consciente ou voluntária - de sites de avaliação de lojas que acabam induzindo consumidores ao erro, por possibilitarem de alguma forma que avaliações falsas sejam postadas, classificando como confiáveis algumas empresas que agem de má fé.
Pronto, falei e desabafei. Se vou perder para sempre esses 800 e poucos reais, pelo menos posso botar a boca no trombone e avisar os incautos, porque já soube que o mesmo grupo age agora com outra empresa. Não vou dizer o nome, mas uma rápida busca de equipamentos de informática à venda farão surgir o nome de uma loja com preços imbatíveis, sediada em Guarulhos... A história se repete, com a mesma chancela dos sites de avaliação de lojas online.
PS - Mandei e-mails para Buscapé e E-bit, queixando-me disso, mas jamais recebi respostas.
Que horror! Além de perder seu dinheiro, seu tempo, e, por que não, suas espectativas de ter um produto que você comprou, a sensação de impotência é terrível, não?
ResponderExcluirQuanto falta para que os direitos dos consumidores sejam realmente respeitados?
Eu ainda estou chocado. Que cara-de-paus, desonestos. Olha, preciso tomar cuidado para não criticar coisas do Brasil demais, porque não moro mais aí, mas este tipo de coisa só se vê aí. Eu acho que não é os 800 reais que você tem de receber de volta, você merece 8000, para estes canalhas aprenderem que não se brinca com o dinheiro alheio.
ResponderExcluirNossa, que situação, hein? Minha solidariedade!
ResponderExcluirPrestemos atenção nas compras pela net! Mas, há tempos que a professora não compra no meu blog!É garantido e sério! Quando puder, dê uma olhadinha nos produtos divertidos. Sei o quanto é ocupada, mas seria um prazer!
http://mercadoilogico.blogspot.com/
Abraços do Tino.
cara eu cai no mesmo conto da oferta digital, meu processo foi julgado e eles condenados mas só tinha 100 na conta deles agora o juiz pediu para eu indicar bens? como que faço isso? :(
ResponderExcluirPois é, tô na mesma situação ainda: o cara não tem conta bancária em nome dele com dinheiro depositado e eu não consigo localizar o paradeiro dele pra cumprimento da sentença. Alguma idéia? Obrigada pela solidariedade de todos...
ResponderExcluirOlá, Ana.
ResponderExcluirTambém compartilho do mesmo problema.
Foi o pagamento de 01 notebook em 2006 na extinta loja CentroShop onde o Rafael Leite de Oliveira se dizia "gerente" junto aos proprietários legais Eduardo Gonçalves dos Santos e Joice Mayumi Yoshita (suposta noiva do Rafael).
A localização e contato com esse indivíduos não é difícil, mas para isso ocorrer por meio judicial, utilizam-se do artifíco de se esconderem para não receberem as intimações.
Existem dezenas de pessoas de vários estados do Brasil que moveram ações. Na época conseguimos que a RedeTv mostra-se uma breve reportagem sobre o ocorrido, mas infelizmente sem gerar benefícios para a maioria dos lesados.
Sem esperança de recuperar o valor, gostaríamos que a justiça fosse feita, pois pela dimensão do golpe caracteriza-se crime de estelionato.
Aviso aos navegantes: apaguei alguns comentários anônimos, porque acredito que, embora tivessem algumas informações que poderiam ser úteis para evitar novas vítimas, não tinham assinatura. O anonimato nessa situação, creio eu, mais atrapalha do que ajuda.
ResponderExcluirAlguém tem notícia desses safados? Consegui a desconsideração de personalidade jurídica pra eles mas o Eduardo deu o endereço da mãe e a Joice um lugar que o oficial de justiça não encontrou.
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