Uma praga útil chamada celular - parte II

Bom, superada a questão do toque, vem a fase da conversa propriamente dita. E aí as coisas tendem a piorar, se é que isso é possível!
Quase todo mundo fala em voz bem alta no celular, como se o volume alto fosse indispensável para se fazer ouvir. E então todo mundo que está por perto passa a testemunhar pelo menos um dos lados da conversa, muitas vezes íntima.
Tenho vontade, às vezes, de interferir, dar sugestões, fazer comentários: afinal, se fui incuída na conversa como ouvinte, deveria ter o direito de participar também como falante.
Quando estou acompanhada, muitas vezes começo a debater a conversa ouvida com quem está ao meu lado: "E aí, você acha que ele deve ou não passar na casa dela amanhã?" " Será que vai valer a pena eles irem assistir a esse filme?" "Nossa, ela fez isso com ele? Que malvada!"
É muito divertido também ficar supondo o que a outra pessoa disse do outro lado da ligação. Muitas vezes dá até pra montar uma novelinha...
Já testemunhei um patrão dando ordens a empregados enquanto o avião não fechava as portas. Houve até ameaça de demissão, se as vendas não aumentassem sei lá quanto por cento. Uma grosseria só, que o avião inteiro ouviu, todo mundo embasbacado e pensando no pobre empregado que estava lá na loja ouvindo aquelas barbaridades!
Ah, e tem também aquela cena clássica: em plena Avenida Paulista o cara diz ao telefone: "Não, estou já na Avenida Pacaembu, chego aí em 3 minutos!" Tenho vontade de chegar bem perto e gritar para quem está do outro lado: "É mentira, ele está te enganando, estamos na Avenida Paulista e tem uma loira do lado dele!"
Ufa! É tanta exposição da intimidade que a gente tem de aguentar!!!
Por isso, sempre que eu ouço que vão possibilitar o uso dos celulares naqueles poucos espaços em que eles ainda são proibidos ou não funcionam, como aviões ou metrô, tenho vontade de pedir pra não fazerem isso! É tão bom ficar algum tempo sem ouvir aqueles toques e aquelas conversas!
Pode parecer que eu estou com saudade do tempo em que os celulares não existiam: longe de mim! Não consigo mais conceber minha vida sem essa comodidade, mas acho que um pouco de bom senso e educação pode tornar o uso dos celulares menos infernal.
A propósito, para quem gostaria de se lembrar como era a vida antes do celular, sugiro a leitura de um artigo da jornalista Paula Sato, chamado " Vida unplugged", publicado na revista Galileu de janeiro de 2009, e que pode ser lido aqui: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG85745-7943-210-1,00-VIDA+UNPLUGGED.html

PS - Estou saindo em viagem amanhã, então pode ser que este blog entre num ritmo mais lento, mas vai continuar sendo atualizado sempre que possível!

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