Civilização e barbárie.
Dia desses vivi uma situação que me fez pensar. Começo pelo relato dos acontecimentos. Era dia de jogo do Brasil, nessa primeira fase da Copa. Eu tinha ido almoçar e estava voltando pra casa, um pouco antes do horário do início do jogo. Em plena Avenida Paulista, havia um vendedor de vuvuzelas, como era de se esperar. Ele trazia, no entanto, um instrumento que eu ainda não tinha visto (embora já tivesse ouvido falar dele): uma vuvuzela dupla, em que, a partir de um só bocal, distribui-se o sopro por duas cornetas. Eu me aproximei do vendedor e perguntei como aquilo funcionava, porque queria ter uma dimensão do tamanho do barulho e ele, todo feliz, fez uma demonstração para mim, certo de que tinha ganhado uma freguesa... Eu ouvi aquilo e disse pra ele minha opinião sobre o aparato: "Inferno em dose dupla!" O vendedor imediatamente se contrapôs e disse: "Nada disso: quem quer sossego fica em casa: entra, fecha a porta e pronto!" Eu fui andando e pensando nessa frase. ...