Da janela lateral

emotional landscapes


they puzzle me


(Björk)


 

Desde que me entendo por gente, sempre gostei de viajar na janela dos veículos: trem, carro, barco, ônibus, avião, helicóptero. Adoro ver a paisagem passando diante dos meus olhos. Algumas vezes, ouvindo uma música nos fones de ouvido, tinha até mesmo a impressão de estar assistindo a um filme, com trilha sonora e tudo.

Mesmo depois de tantos anos de estrada, não me canso de descobrir as paisagens desfilando pela janela. Tanto assim que, volta e meia, tiro uma foto dessas cenas que passam tão depressa. O mosaico de imagens que encabeça este post é uma pequena amostra desse meu vício.

Por isso, gostei de ler o texto publicado ontem, 9/01/15, no caderno Aliás, do Estadão. Nele, Vitor Hugo Brandalise entrevista Mário Sérgio Cortella a propósito do significado das viagens nos dias de hoje. Pra quem quiser ler o texto, é só clicar aqui e torcer para o paywall do site permitir o acesso.

Confesso que as palavras do entrevistado mostram uma certa aversão à tecnologia com a qual eu, devota de São Waze, não concordo. Por outro lado, adoro os momentos em que Cortella analisa como nosso tempo criou viajantes que não ligam para o caminho e querem apenas chegar.

Observo cada vez mais esse tipo de pessoa nos transportes que uso. Gente que, mal embarca, fecha a cortina da janela, coloca um fone de ouvido e parece tentar se esquecer de que está em trânsito. Como esse moço que fotografei numa viagem:

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Não, o sol não estava batendo do nosso lado. Ele apenas não queria ver nada que não fosse o lugar para onde ele estava indo. Em alguns momentos, jogou Mortal Kombat no celular. Parece que conversou com alguém pelo WhatsApp. Abrir a janela? Nunca.

Eu, francamente, considero um desperdício. Tanta coisa linda, feia, interessante, pitoresca passando na janela e ele ali, isolado do mundo!

Fizesse eu isso e teria perdido tanta coisa linda! Nuvens, crepúsculos, mares, lagos, vulcões, pessoas, gelo, bichos, neve, deserto, arco-íris, pichações, prédios, pontes, tudo desfilando ali, diante dos meus olhos. É bom demais. Abram a janela, vale a pena!

 

janelalateral

Comentários

  1. A moça ( nem tão...) que sofre de claustrofobia não pode nem pensar em sentar na janela. Mas do corredor fico esticando o pescoço pra ver tudo o que consigo.
    Adorei sua visão, Ana.

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  2. Hahaha! Mas o que não entendo é sentar na janelinha e fechar a cortina! Obrigada pela visita!

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  3. I enjoyed your article! It made me reminds of a painting by Magritte ! "the key of fields". Congratulations, Your site is great!
    best regards,
    Willie.

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