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Mostrando postagens de novembro, 2014

Casa 7: Araçatuba (a casa do suicida)

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Mudar de Itapetininga para Araçatuba foi difícil. Eu estava adolescendo, começava a ter amigos, turma, paixonites. E adorava o clima friozinho de lá, a minha escola, a vizinhança. Deixamos tudo isso para trás e fomos para uma cidade muito quente e distante, onde eu não conhecia ninguém, tendo de começar do zero a conquista de novos amigos. Para amenizar um pouco o nosso estranhamento, meu pai propôs àquela moça que trabalhou em casa em Bauru, a Elza, que fosse pra Araçatuba, morar com a gente e trabalhar conosco de novo. E ela aceitou! No início foi bom, porque nos ajudou a lidar com as mudanças, mas depois as relações foram azedando e ela voltou para Bauru. Em Araçatuba, moramos em duas casas, na mesma rua. Este post é sobre a primeira, que ficava pertinho do Tiro de Guerra. Ali tivemos vizinhos que se tornaram amigos, como a família de japoneses que morava ao lado, cheia de crianças mais ou menos da idade dos meus irmãos. Ainda hoje mantemos contato com eles. Em frente, havia uma fam

Casa 6: Itapetininga (parte 2)

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Continuando minhas lembranças de Itapetininga, preciso dizer que nessa cidade existe até hoje uma praça repleta de figueiras e que considero das mais bonitas do Brasil. Nela ficam 3 escolas, e eu estudei em duas delas: Coronel Fernando Prestes e Instituto de Educação Estadual Peixoto Gomide.  Nesta última, cursei uma modalidade educacional nova chamada ginásio pluricurricular. Uma das novidades era que tínhamos aulas de artes industriais e depois de economia doméstica. Na primeira, usávamos um guarda-pó azul mesclado, com as letras GP no bolso (eu estava vestida com ele quando menstruei pela primeira vez, pouco antes dos 12 anos). Eram aulas diferentes, em que aprendi a fazer encadernações, plastificar objetos, trocar tomadas, usar algumas ferramentas... Era divertido! Na primeira parte, contei que foi nessa época que conheci o mar - éramos crianças do interior mesmo. Foi assim: meu pai, graças a um animado colega de trabalho que conheceu em Itapetininga, finalmente criou coragem de no

Casa 6: Itapetininga (parte 1)

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Moramos na casa de Itapetininga num período inesquecível da minha vida. Foi ali que adolesci, fiz mais amigos, comecei a estudar inglês e a aprender a tocar violão. Foi a partir de lá, também, que fiz minha primeira viagem para conhecer o mar. Foram tantas coisas importantes que acho serão necessárias duas postagens pra dar conta de tudo! Vamos então à primeira parte. Nossa casa ficava numa rua movimentada, ao lado de uma travessa onde quase não passavam carros. Aquela travessa era uma extensão do nosso quintal. Ao lado, ficava o prédio na UCBEU (União Cultural Brasil-EstadosUnidos), onde estudei inglês. Havia ali uma biblioteca / discoteca que eu frequentava assiduamente. Foi lá que achei o LP importado de Janis Joplin, "Cheap thrills": viajei muito nos desenhos de Robert Crumb para a capa e enlouqueci com aquela voz rouca cantando "Maybe". Em Itapetininga tive vontade de ser hippie. Foi lá que consegui minha primeira calça jeans, uma Lee importada, que usei até fi