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Mostrando postagens de outubro, 2014

Casa 5: Bauru

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Em meados dos anos 60, nós nos mudamos para Bauru. A casa de lá era velha, mas melhor que a de São Manuel. Tinha uma varandinha na frente, onde meu pai ficava à noite observando o céu. De vez em quando via algum ponto móvel e nos chamava para ver: "olha um satélite!" (Meu irmão em frente à mureta da varanda onde meu pai ficava olhando as estrelas)   Muitas coisas mudaram quando fomos para lá. Ali meu pai aprendeu a dirigir e comprou seu primeiro carro, um DKW Pracinha, que era uma perua modelo popular, com financiamento especial. A partir daí, começamos a viajar de carro e não mais de ônibus e trem, como antes.   (Meus irmãos e eu ao lado da DKW parada em frente de casa)   Em Bauru ganhei minha primeira bicicleta, uma Monareta desmontável com freio no contrapedal, mas eu só podia andar nela quando íamos ao clube, o Luso-Brasileiro. Antes da bicicleta, tive um patinete, que gastei na calçada da nossa casa. Naquela altura, eu comecei a ir à escola. Entrei no pré-primário - já a

Casa 4: São Manuel

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Logo que meu pai entrou no D.E.R., fomos morar em São Manuel, eu tinha menos de 5 anos. Ficamos lá pouco tempo, menos de 2 anos, portanto minhas lembranças daquela casa são ainda um pouco difusas. Era uma casa muito grande e velha, que ficava no final da cidade, numa rua de terra. Depois dela, já começavam os sítios, e era num deles que eu ia buscar leite todo dia com a leiteira de alumínio balançando na mão, às vezes acompanhada de Antônia, uma menina um pouco mais velha que era nossa vizinha. Embaixo da casa tinha um porão que ficava abandonado, sem acabamento, sem luz. Para mim, era um lugar cheio de assombrações e eu tinha medo de entrar ali. O quintal era quase todo de terra, com mato crescendo pra todo lado. Numa das paredes dos fundos, tinha uma casa de abelhas. Em dias de muita chuva, elas caíam mortas e era um perigo andar descalça pelo quintal. Quantas ferroadas de abelha morta... Foi naquela casa que aprendi a ler, antes dos 5 anos. Foi assim: minha tia, que era professora,

Casa 3: Amparo (casa da avó)

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Morei pouco tempo em Amparo, por isso tenho poucas lembranças da casa onde vivemos. Minhas maiores e melhores lembranças de lá são da casa da minha avó, onde se reuniam os tios e primos nos fins de semana das férias, quando voltávamos para lá. Em geral eu ficava hospedada na casa da minha tia, onde havia primas mais ou menos da minha idade, mas a farra mesmo acontecia na casa da avó. Ela administrava a casa e a venda a partir dessa escrivaninha em que ela aparece na foto. Era ali também que mantinha seus diários (que um dia seriam meus e sobre os quais já escrevi aqui ). O armazém ficava na frente e a casa nos fundos. Eram dois espaços diferentes e igualmente sedutores para mim. Na venda, eu aprendi com ela a receber os pagamentos no caixa e fazer o troco corretamente. Aprendi a calcular o peso dos produtos vendidos a granel antes mesmo de colocá-los na balança. Aprendi a cortar frios e a improvisar embalagens para produtos usando velhas revistas Cruzeiro e Manchete, colando os sacos c

Casa 2: Amparo (minha casa)

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Nós nos mudamos de Amparo quando eu tinha pouco mais de 4 anos, mas mesmo assim eu tenho algumas lembranças tênues daquela época. A casa onde morávamos era próxima à da minha avó, no bairro do Ribeirão. É em frente a ela que estou com meu pai, na foto que abriu esta série. Algumas poucas memórias: brincar na praça com a minha pajem (era assim que se chamavam então as babás) Vera e meu amigo Tete, que morreria afogado pouco depois no ribeirão que dava nome ao bairro. Lembro-me também de ver meu pai ouvindo os jogos da Copa de 62 no rádio. Mas o mais incrível de tudo é que me lembro de uma coisa que certamente não aconteceu... Foi assim: estavam em casa muitos tios e tias, conversando na sala. Eu estava usando meu vestido vermelho de bolinhas brancas. Eu sempre me sentia uma boa menina quando usava esse vestido... Não sei como decidi ir sozinha ao banheiro, sem pedir a ajuda de minha mãe. Como era muito pequena, fiquei presa no vaso, sem alcançar os pés no chão para poder sair. Na minha