Casa 15: São Paulo (Liberdade)

Como não dava mais pra ficar no apartamento da rua Cerro Corá, fomos em busca de outro lugar e, mais uma vez, aproveitamos um contrato de locação já existente: a tia de uma das tias de minha mãe tinha acabado de morrer, deixando um apartamento vago na avenida Liberdade, no mesmo prédio em que minha tia-avó morava.

Para minha sorte, o prédio ficava exatamente em frente ao prédio da FMU em que eu trabalhava! Em São Paulo, poder ir trabalhar a pé, saindo de casa 5 minutos antes do horário de entrada! Era a glória da natureza!

Era um apartamento velho, de um quarto, que tinha inclusive uma coluna que passava pelo meio da sala... Herdamos alguns móveis da falecida, entre eles uma cadeira Cimo que tenho ainda hoje.

Vivi ali por 4 anos. Foi nesse espaço que consegui finalmente terminar e defender meu mestrado. Tenho uma foto dessa época, escrevendo sem parar:

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 (Meu cantinho de trabalho, na sala. A cortina feia foi herdada da falecida tia da minha tia)


Nesse momento eu tinha substituído a velha Olivetti Lettera 22 por uma Olivetti eletrônica! Um salto tecnológico  e tanto, para a época!

Pouco depois de termos nos mudado para lá, resolvi que queria ter um cachorro. Um belo dia, chegou Paty, uma cocker spaniel que tinha perdido sua casa. Minha amiga do mestrado, que ainda morava comigo, não gostou muito da ideia de ter um animal em casa e, depois de algumas brigas, resolvemos que eu ficaria ali com a cachorra e ela iria morar em outro lugar.  Na verdade, a nossa convivência já andava um pouco tensa e a chegada de Paty precipitou a partida da minha companheira de casa.

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(Paty e eu, num chamego só)


Nessa altura, eu trabalhava em muitas faculdades diferentes. A maior concentração das aulas era na FMU que ficava em frente ao meu prédio, mas também dei aulas na Faculdade Tibiriçá, na rua Pamplona, nas Faculdades Ibirapuera, em Moema, e na Ibero-Americana, que ficava na Brigadeiro Luís Antônio. Por um curto período, ainda dei aulas de língua portuguesa e literatura para os alunos de Psicologia da FMU, num prédio que ficava na rua Afonso Brás. Era uma correria sem fim de um lado para o outro. Num dado momento, dava quase 40 aulas por semana em 4 lugares diferentes.

Mesmo assim, em 1988 terminei o mestrado, nem sei como. Eu me lembro das pilhas de provas que corrigia a cada bimestre. Era enlouquecedor, mas precisava do dinheiro para sobreviver. Ganhava-se muito pouco nas faculdades particulares.

Um detalhe cruel: o apartamento onde eu morava, soube logo, era da dona da FMU. Ou seja, ela me pagava o salário e eu devolvia parte significativa dele para a patroa poucos dias depois. Seria cômico, se não fosse trágico.

Em 1989 comecei o doutorado e, logo depois, em 1990, passei em meu primeiro concurso público e fui trabalhar em Londrina, como professora substituta na UEL. Por um ano, ainda me dividi entre as duas cidades, mantendo algumas aulas na FMU, enquanto cursava as disciplinas obrigatórias do doutorado.

Mas em julho daquele ano, desisti de manter a casa de São Paulo e me mudei definitivamente para Londrina. Uma nova etapa começava e, com isso, novas casas surgiriam.

Comentários

  1. Ana, meu colégio era colado na FMU da Afonso Braz, o Companhia de Maria... talvez vc tenha cruzado comigo qdo eu tinha 8, 9 anos : )

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  2. Nossa, Helô, que maluquice! Certamente nos cruzamos por ali em algum momento! O_o

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