Casa 14: São Paulo (Alto da Lapa)

Demorou pra acharmos um apartamento que servisse pra nós. Depois de rodar um monte de imobiliárias, finalmente encontramos um conveniente, na rua Cerro Corá.

Era um prédio grande e novo. O apartamento era pequeno, mas tinha sua graça. Ficava num ponto alto da cidade e, da janela, olhando para a direita, eu via os carros e caminhões passando pela Marginal Tietê.

Nessa época, tanto eu como minha colega de mestrado éramos bolsistas da Fapesp. A Fundação era ali perto, e eu me lembro de ir a pé levar os relatórios de atividade no mestrado. Era uma etapa difícil, em que eu tinha de fazer aquele amontoado de informações que consegui na pesquisa virar um texto útil e interessante. Quantas crises eu passei, sem conseguir escrever...

Eu ainda morava ali quando, depois de encerrada a bolsa, comecei a dar aulas na FMU, na Avenida Liberdade. Acordava muito cedo, tomava um ônibus e um metrô e, às 7h30, já estava na sala de aula. Era sofrido, mas eu gostava da sensação de começar a exercer pra valer a minha profissão.

Uma lembrança curiosa: eu não tinha telefone, pois era muito caro conseguir um, nessa época. Eu tinha de usar orelhões, para falar com amigos, amores, família. E ficava caro! Para minha sorte, descobri um orelhão com defeito, na rua Frei Caneca, quase esquina com a Avenida Paulista. O aparelho só recolhia a primeira ficha, e depois era possível falar à vontade, sem limite de tempo. Que alegria! Muitas vezes eu tomava o ônibus na Cerro Corá e ia direto para meu orelhão especial, só pra falar com os queridos. Que tempos, aqueles!

Quando já se aproximava o final do ano de 1985, a dona do apartamento pediu que desocupássemos o imóvel! E lá fomos nós de novo para a rua, procurar outro lugar para morar. Pode parecer incrível, mas mais uma vez tivemos sorte: é o assunto da próxima postagem.

CerroCora

(Eu quase posso me ver ali na janela marcada, tomando café e criando coragem pra escrever)

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