Com três mulheres, na Índia

Terminamos agora em fevereiro uma viagem de três semanas pela Índia e pelo Nepal. Foram dias muito intensos, com experiências que nunca vamos esquecer, tenho certeza.

Eu tinha muita vontade de conhecer a Índia, um desejo alimentado, no fundo, por 3 mulheres que me marcaram de alguma maneira. A primeira delas, claro, é Cecília Meireles.

Para quem não sabe, ela viveu muitos anos admirando a Índia e desejando conhecer o país. Chegou até mesmo a aprender um pouco de hindi, o idioma mais oficial do país.

Era grande admiradora do poeta e mestre Rabindranath Tagore, tendo inclusive traduzido um de seus livros para o português. Admirava também Gandhi, de quem escreveu uma pequena biografia. Quando o Mahatma foi assassinado, compôs uma longa elegia, lamentando sua morte.

Pouco depois, recebeu um convite para ir à Índia, participar de um congresso sobre Gandhi e receber o titulo de doutora honoris-causa pela Universidade de Nova Délhi.

Viajou pelo país, escrevendo crônicas para os jornais cariocas e, depois de voltar, publicou (em 1961) o livro Poemas escritos na Índia.

(Inspirada nela, talvez eu faça uma coletânea de fotos da Índia chamada "Fotos tiradas na Índia" 😀)

Reli tudo o que Cecília escreveu sobre a Índia, antes de vir, e fui relendo os poemas pelo caminho, para tentar enxergar através do tempo os lugares por onde ela e eu passamos.

A segunda mulher é também brasileira e sua maior relação com a Índia foi ter morrido ali: Leila Diniz estava a bordo do avião que, em 14 de junho de 1972, caiu próximo ao rio Yamuna, em Nova Délhi. Leila estava participando de um festival de cinema na Austrália (com o filme "Mãos vazias") e resolveu antecipar sua volta ao Brasil por saudades da filha recém-nascida, Janaína. Fazia um voo todo picado, que teria uma escala na Índia, mas o avião caiu pouco antes de pousar.

Eu era adolescente quando isso aconteceu. Fiquei muito chocada, como quase todas as pessoas no Brasil, e durante muito tempo colecionei reportagens sobre Leila.

Pousando e decolando do aeroporto em Nova Délhi, não tinha como não me lembrar de Leila Diniz.

Falando em aeroporto, chegamos à terceira mulher que esteve presente na minha lembrança durante esses dias: Indira Gandhi, que foi primeira-ministra da Índia em duas ocasiões (1966-1977 e 1980-1984) e que dá nome ao aeroporto de Nova Délhi.

Sua figura muito morena, com uma grande mecha branca nos cabelos escuros foi uma imagem muito presente na minha vida de leitora de revistas e jornais nos anos 70. Foi emocionante embarcar e desembarcar no aeroporto que leva o seu nome.

Indira, aliás, era filha de Jawaharlal Nehru, que era o primeiro-ministro da Índia em 1953, quando Cecília Meireles lá esteve. Há inclusive um poema de nossa poetisa dedicado ao pai de Indira, o que nos faz voltar à primeira mulher citada nesse post.

Assim, essas três mulheres andaram comigo pela Índia, me fazendo companhia fantasma, ao lado das três mulheres de carne e osso que lá estiveram comigo: Carmem (claro), Vilma e Rosemari. Excelentes companheiras de viagem! Obrigada por tudo, companheiras reais e virtuais!

Comentários

  1. Obrigada por partilhar tanta coisa linda.

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  2. Obrigada por partilhar experiências de mulheres tão marcantes. Lindo post.

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  3. Lindo post,lindas fotos, linda viagem e lindas companheiras ,adorei,parabéns .

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  4. Que máximo esse post <3 no aguardo de suas impressões sobre a Índia.

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  5. Podexá. Mas já adianto: impressionante demais.

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  6. Belas companhias, ótimo relato.

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  7. Uau! Podemos compartilhar na "Cecília Meireles Ex-libris"?

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