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Mostrando postagens de 2012

Silêncio, hospital.

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Aposto que a imagem acima (ou variações mais modernas dela) já é bem conhecida por todos nós. A enfermeira pedindo silêncio no hospital, para permitir o repouso dos pacientes, é uma figura tão clássica que acredito que seja das primeiras imagens que nos vêm à memória quando pensamos em alguma situação que exija silêncio. No presente, entretanto, parece que a associação entre silêncio e hospital anda problemática. E não falo apenas dos escapamentos barulhentos e buzinas ensandecidas dos veículos que passam ao lado desses locais. Tive a triste experiência de acompanhar minha mãe numa internação, num bem conceituado e antigo hospital de São Paulo, e pude constatar que o repouso dos doentes é a última das preocupações, inclusive -e principalmente - do corpo de enfermagem. O quarto que minha mãe ocupou, para nosso azar, ficava exatamente em frente ao posto da enfermagem naquele andar. A noite que passei ali foi praticamente sem dormir, porque a conversa animada dos funcionários do hospital

Silêncio, hospital.

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Aposto que a imagem acima (ou variações mais modernas dela) já é bem conhecida por todos nós. A enfermeira pedindo silêncio no hospital, para permitir o repouso dos pacientes, é uma figura tão clássica que acredito que seja das primeiras imagens que nos vêm à memória quando pensamos em alguma situação que exija silêncio. No presente, entretanto, parece que a associação entre silêncio e hospital anda problemática. E não falo apenas dos escapamentos barulhentos e buzinas ensandecidas dos veículos que passam ao lado desses locais. Tive a triste experiência de acompanhar minha mãe numa internação, num bem conceituado e antigo hospital de São Paulo, e pude constatar que o repouso dos doentes é a última das preocupações, inclusive -e principalmente - do corpo de enfermagem. O quarto que minha mãe ocupou, para nosso azar, ficava exatamente em frente ao posto da enfermagem naquele andar. A noite que passei ali foi praticamente sem dormir, porque a conversa animada dos funcionários do ho

Efeitos colaterais

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Já faz algum tempo, publiquei um post ( Há bens que vêm para o mal? ) sobre o tema de como as calçadas novas da Avenida Paulista acabaram tendo um efeito colateral indesejado: skatistas, patinadores e ciclistas viram naquele piso lisinho o cenário perfeito para treinar manobras arriscadas em meio aos inúmeros pedestres que caminham sempre por ali. Uma situação perigosa que até agora não recebeu nenhuma atenção da prefeitura. Mas tem uma outra situação que, para mim, é bastante complicada e que, segundo meu ponto de vista, também nasceu de uma ideia boa. Aliás, de duas ideias boas. Explico melhor. Nos últimos anos, vêm prosperando as leis que proíbem fumar em lugares fechados. Nossos pulmões de não fumantes (ou de ex-fumantes, no meu caso) agradecem. Só que nada foi feito para resolver o que fazer com os fumantes, expulsos dos restaurantes e bares. Ficaram relegados às calçadas, às ruas, que se transformaram todas em fumódromos improvisados. Acontece que beber ou comer num espaço intern

Efeitos colaterais

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Já faz algum tempo, publiquei um post ( Há bens que vêm para o mal? ) sobre o tema de como as calçadas novas da Avenida Paulista acabaram tendo um efeito colateral indesejado: skatistas, patinadores e ciclistas viram naquele piso lisinho o cenário perfeito para treinar manobras arriscadas em meio aos inúmeros pedestres que caminham sempre por ali. Uma situação perigosa que até agora não recebeu nenhuma atenção da prefeitura. Mas tem uma outra situação que, para mim, é bastante complicada e que, segundo meu ponto de vista, também nasceu de uma ideia boa. Aliás, de duas ideias boas. Explico melhor. Nos últimos anos, vêm prosperando as leis que proíbem fumar em lugares fechados. Nossos pulmões de não fumantes (ou de ex-fumantes, no meu caso) agradecem. Só que nada foi feito para resolver o que fazer com os fumantes, expulsos dos restaurantes e bares. Ficaram relegados às calçadas, às ruas, que se transformaram todas em fumódromos improvisados. Acontece que beber ou comer num espaço in

Viajando pelo século XVIII

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Um grupo de 7 blogueiras decidiu essa semana fazer uma blogagem coletiva, com o tema "5 livros que marcaram nossa vida de leitoras". A Mari Campos, do blog  Pelo mundo  é uma dessas blogueiras. Lendo esse post dela, tive a ideia de escrever sobre uma relação entre literatura e viagem que pra mim sempre foi muito forte, mas sobre a qual ainda não falei. Como alguns já devem saber, sou apaixonada pela poesia de Cecília Meireles. Entre os livros que ela escreveu, está o famoso Romanceiro da Inconfidência , publicado em 1953. A ideia de escrever o livro, conta a própria Cecília, nasceu de uma viagem a Ouro Preto, no início dos anos 40, ocasião em que ela se sentiu transportada ao século XVIII. A partir daí, surgiu uma paixão que durante 10 anos a levou a pesquisar os acontecimentos da Inconfidência Mineira e escrever o livro. Minha primeira viagem às cidades históricas de Minas Gerais, portanto, nasceu já dessa relação entre Cecília e aqueles lugares. Sempre que lá estive carregu

Viajando pelo século XVIII

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Um grupo de 7 blogueiras decidiu essa semana fazer uma blogagem coletiva, com o tema "5 livros que marcaram nossa vida de leitoras". A Mari Campos, do blog  Pelo mundo  é uma dessas blogueiras. Lendo esse post dela, tive a ideia de escrever sobre uma relação entre literatura e viagem que pra mim sempre foi muito forte, mas sobre a qual ainda não falei. Como alguns já devem saber, sou apaixonada pela poesia de Cecília Meireles. Entre os livros que ela escreveu, está o famoso Romanceiro da Inconfidência , publicado em 1953. A ideia de escrever o livro, conta a própria Cecília, nasceu de uma viagem a Ouro Preto, no início dos anos 40, ocasião em que ela se sentiu transportada ao século XVIII. A partir daí, surgiu uma paixão que durante 10 anos a levou a pesquisar os acontecimentos da Inconfidência Mineira e escrever o livro. Minha primeira viagem às cidades históricas de Minas Gerais, portanto, nasceu já dessa relação entre Cecília e aqueles lugares. Sempre que lá estiv

De vidas e clubes

É, eu vou falar de novo de celulares. Mas dessa vez vou falar de uma família específica de celulares: os que funcionam por rádio. Você já deve ter visto muitos por aí. Do ponto de vista visual, é fácil reconhecer: o usuário geralmente usa o celular em posição perpendicular ao rosto, alternando entre a boca e a orelha. Nos outros tipos de celular, geralmente o aparelho fica parado, colado ao rosto. É fácil perceber a diferença. Mas o aspecto mais evidente da diferença entre os dois tipos de celulares é o sonoro: os que funcionam por rádio geralmente são usados no viva-voz,  com uma campainha que toca cada vez que vai haver alguma alternância na vez de quem fala. Em suma, uma barulheira, com gente falando de lá e de cá e as campainhas marcando cada mudança de falante. Eu sempre acho desagradável ouvir conversas alheias quando as pessoas falam em público nos celulares. No caso desses, o constrangimento é ainda maior, porque a gente ouve os dois lados da conversa, graças ao viva-voz. Priva

De vidas e clubes

É, eu vou falar de novo de celulares. Mas dessa vez vou falar de uma família específica de celulares: os que funcionam por rádio. Você já deve ter visto muitos por aí. Do ponto de vista visual, é fácil reconhecer: o usuário geralmente usa o celular em posição perpendicular ao rosto, alternando entre a boca e a orelha. Nos outros tipos de celular, geralmente o aparelho fica parado, colado ao rosto. É fácil perceber a diferença. Mas o aspecto mais evidente da diferença entre os dois tipos de celulares é o sonoro: os que funcionam por rádio geralmente são usados no viva-voz,  com uma campainha que toca cada vez que vai haver alguma alternância na vez de quem fala. Em suma, uma barulheira, com gente falando de lá e de cá e as campainhas marcando cada mudança de falante. Eu sempre acho desagradável ouvir conversas alheias quando as pessoas falam em público nos celulares. No caso desses, o constrangimento é ainda maior, porque a gente ouve os dois lados da conversa, graças ao viva-voz. Pr

Vida que segue.

Hoje faz um ano que eu acredito ter experimentado o que seja a morte. Não tive coragem, antes, de escrever sobre isso. Hoje vou tentar. Tudo começou com a descoberta de que tinha pedras na vesícula e com o início das crises. Em meados de junho, já perto do final do semestre letivo, tive uma delas. Fui internada no hospital aqui da cidade pequena onde trabalho e onde vivia então. O médico que se responsabilizou pelo meu caso era das antigas, e entre os remédios que prescreveu, estava um antibiótico também das antigas: quemicetina. A indicação era a de que fosse por via oral. Fiquei uns dias no hospital, tomando os remédios, tomando soro, e esperando a crise passar. No dia 26 de junho, às 4 da manhã, entrou no quarto a enfermeira, muito jovem, com a costumeira medicação da madrugada. Tomei todos os comprimidos que ela me deu e em seguida ela disse que tinha de aplicar uma outra medicação na veia. A gente estranhou, mas ela garantiu que era a medicação normal que eu vinha tomando. No mome

Vida que segue.

Hoje faz um ano que eu acredito ter experimentado o que seja a morte. Não tive coragem, antes, de escrever sobre isso. Hoje vou tentar. Tudo começou com a descoberta de que tinha pedras na vesícula e com o início das crises. Em meados de junho, já perto do final do semestre letivo, tive uma delas. Fui internada no hospital aqui da cidade pequena onde trabalho e onde vivia então. O médico que se responsabilizou pelo meu caso era das antigas, e entre os remédios que prescreveu, estava um antibiótico também das antigas: quemicetina. A indicação era a de que fosse por via oral. Fiquei uns dias no hospital, tomando os remédios, tomando soro, e esperando a crise passar. No dia 26 de junho, às 4 da manhã, entrou no quarto a enfermeira, muito jovem, com a costumeira medicação da madrugada. Tomei todos os comprimidos que ela me deu e em seguida ela disse que tinha de aplicar uma outra medicação na veia. A gente estranhou, mas ela garantiu que era a medicação normal que eu vinha tomando. No

Liberdade, essa palavra...

Já tem algum tempo que eu estou matutando sobre esta postagem, mas parece que nunca consigo colocá-la online. Hoje eu decidi que finalmente chegou o dia. Começo contando um caso ocorrido - mais uma vez - num ônibus. Eu estava fazendo uma viagem de trabalho entre São Paulo e Araraquara. Já a bordo, começo a ouvir aqueles desagradáveis ruídos de um desses celulares que funcionam por rádio. No caso desses aparelhos infernais, a gente tem de ouvir periodicamente um som de campainha que sinaliza de quem é a vez de falar. Além disso, quase todo mundo que eu conheço que tem um celular desses deixa o dito cujo funcionando no viva-voz. Ou seja, é uma verdadeira orquestra composta por pelo menos 3 instrumentos: a voz de quem está ao seu lado, a voz da pessoa com quem ele fala e a maldita campainha alternando entre um e outro. Dentro de um ônibus, essa combinação pode levar qualquer um à loucura. Por causa disso, e por causa da longa conversa que vinha sendo obrigada a testemunhar, comecei a lanç

Liberdade, essa palavra...

Já tem algum tempo que eu estou matutando sobre esta postagem, mas parece que nunca consigo colocá-la online. Hoje eu decidi que finalmente chegou o dia. Começo contando um caso ocorrido - mais uma vez - num ônibus. Eu estava fazendo uma viagem de trabalho entre São Paulo e Araraquara. Já a bordo, começo a ouvir aqueles desagradáveis ruídos de um desses celulares que funcionam por rádio. No caso desses aparelhos infernais, a gente tem de ouvir periodicamente um som de campainha que sinaliza de quem é a vez de falar. Além disso, quase todo mundo que eu conheço que tem um celular desses deixa o dito cujo funcionando no viva-voz. Ou seja, é uma verdadeira orquestra composta por pelo menos 3 instrumentos: a voz de quem está ao seu lado, a voz da pessoa com quem ele fala e a maldita campainha alternando entre um e outro. Dentro de um ônibus, essa combinação pode levar qualquer um à loucura. Por causa disso, e por causa da longa conversa que vinha sendo obrigada a testemunhar, comecei a la

De volta...

Olha eu aqui de novo! Minha vida deu umas reviravoltas nos últimos meses, então Psiulândia ficou mais em silêncio do que de costume. Mas vamos ver se volto a uma periodicidade mais razoável nas postagens! Pra inaugurar essa nova fase, começo contando que me mudei pra Santos. Cansei daquela vida no interior, numa cidade árida, que pouco tinha a ver comigo. Vim morar na Ponta da Praia, um pouco mais distante do pontos mais muvucados da orla santista, pra tentar ter ao mesmo tempo uma vista bonita na janela, se possível sem muito barulho. A vista que tenho é cinematográfica. Adoro ficar assistindo ao vai e vem dos navios entrando e saindo do porto (mesmo quando eles apitam aqui em frente). É bom ver também as coloridas canoas havaianas que passam todas as manhãs, os pescadores que todos os dias se colocam no pier com suas varas mesmo sem muito sucesso... Tem até uma tartaruga marinha que de vez em quando me aparece aqui em frente! Uma coisa, entretanto, anda me aborrecendo: não sei que at

De volta...

Olha eu aqui de novo! Minha vida deu umas reviravoltas nos últimos meses, então Psiulândia ficou mais em silêncio do que de costume. Mas vamos ver se volto a uma periodicidade mais razoável nas postagens! Pra inaugurar essa nova fase, começo contando que me mudei pra Santos. Cansei daquela vida no interior, numa cidade árida, que pouco tinha a ver comigo. Vim morar na Ponta da Praia, um pouco mais distante do pontos mais muvucados da orla santista, pra tentar ter ao mesmo tempo uma vista bonita na janela, se possível sem muito barulho. A vista que tenho é cinematográfica. Adoro ficar assistindo ao vai e vem dos navios entrando e saindo do porto (mesmo quando eles apitam aqui em frente). É bom ver também as coloridas canoas havaianas que passam todas as manhãs, os pescadores que todos os dias se colocam no pier com suas varas mesmo sem muito sucesso... Tem até uma tartaruga marinha que de vez em quando me aparece aqui em frente! Uma coisa, entretanto, anda me aborrecendo: não sei qu